por Árlan Sá, Felipi Okada, Rafael Boccardi
"Seu gráfico é enviesado!" – essa acusação pode parecer apenas uma discussão técnica entre profissionais, mas, na verdade, expõe um problema antigo que ganha novos contornos no universo dos dados: como gráficos e informações visuais podem ser manipulados, ainda que sutilmente, influenciando a percepção das pessoas sem comprometer diretamente a informação principal.
Gráficos são ferramentas poderosas usadas para comunicar análises e insights. Porém, nem sempre a interpretação é neutra, honesta ou objetiva. Por exemplo, dizer que 80% ou 8 a cada 10 pessoas têm uma característica pode significar exatamente a mesma coisa, mas o impacto psicológico dessas formas pode variar consideravelmente para o público. Pequenas manipulações – como alterações inadequadas na escala, seleção parcial dos dados ou formatos visuais tendenciosos – podem facilmente transformar uma análise objetiva em uma narrativa enviesada, conduzindo o público a conclusões equivocadas sem que percebam.
Esses fenômenos ocorrem em diversos contextos, desde a política e publicidade até relatórios financeiros e empresariais. Sempre que dados forem apresentados por alguém com um objetivo específico, há o risco de que a informação seja apresentada ou interpretada de maneira distorcida, mesmo que não intencionalmente. Afinal, a subjetividade humana influencia diretamente a leitura e interpretação da realidade. Duas pessoas bem-intencionadas podem retratar o mesmo fenômeno de maneiras totalmente distintas, obtendo resultados e conclusões diferentes sobre o mesmo público.
Por essa razão, o profissional de dados deve possuir habilidades que vão além da simples construção e organização das informações. Ele precisa refletir, analisar criticamente e compreender profundamente o contexto em que os dados estão inseridos. Quem critica sem analisar pode rotular gráficos como "enviesados" sem considerar adequadamente o contexto técnico e os apontamentos dos outros profissionais. Por outro lado, quem analisa sem uma visão crítica se torna um tecnicista facilmente substituível, replicando números sem questionar a mensagem real por trás deles.
O profissional experiente reconhece que gráficos são mais do que simples representações visuais: são ferramentas poderosas para transmitir conhecimento ou armadilhas bem elaboradas que podem levar ao equívoco.
"Seu gráfico é enviesado!" – Charge de Carlos Sekko, 2025.
No Instituto Cappra, percebemos que esses e outros desafios são comuns em diversas empresas. Por isso, reunimos insights essenciais em uma publicação sobre Visualização de Dados, disponibilizada gratuitamente para consulta didática.